sábado, 28 de julho de 2012

Uma Pequena Análise de Restos Do Carnaval

         A narrativa do conto Restos do Carnaval, é encaminhada em um universo que retrata metafóricamente a sexualidade feminina. É a própria personagem quem nos encaminha nos rastros da própria erotização: "Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em rosa escarlate". A opisição feita pela menina mundo botão/mundo rosa escarlate é um aspecto metafórico que esconde o teor erótico, dentre outros, da narrativa. Uma verdadeira transgreção de violar o tempo da infãncia e adentra no secreto universo dos adultos.
        O mundo botão constitui para a criança um uinverso restrito, fechado, ainda lacrado, infantil, encerrado na imaturidade psicológica e sexual, mas que contém em si todo um potencial que culmina no desabrochar, no prenúncio da puberdade. A figura da rosa constitui em alguns contos de Clarice Lispector a representação simbólica da erotização das personagens, o fato também ocorre no conto "Cem Anos de Perdão" .Para um estudos de símbolos literários, a figura da rosa tem como significado a idéia de "jardim de eros", terra de onde brota a capacidade de prazer. Clarice parece sempre fazer a relação dos significados da rosa com os momentos de iniciação ou amadurecimento sexual. Isso também ocorre no romance "Uma aprendizagem ou o livros dos prazeres" em que o personagem masculino diz que a protagonista virou uma rosa aberta, espeça e escarlate, remetendo o leitor a plenitude da sexualidade feminina. Já na narrativa Cem anos de perdão a personagem passeia pelo enredo no desejo de possuir uma rosa cor-de-rosa-vivo avistada por ela no jardim de uma casa das ruas de Recife: "Aquela rosa altaneira que nem mulher feita ainda não era". Sobre quem a personagem faz o comentário? sobre a rosa ou sobre ela mesma?

Clarice Lispector parece sempre rodear suas personagens em busca dessa descoberta da sexualidade feminina, uma busca epifânica, sedenta de desabrochar para a vida. É comum, portanto, o interesse por uma análise psicológica de seus textos e personagens, porque, embora o texto da autora pareça ser bem auto-biográfico, não se prende ao fato de retratar pontos das experiências vividas pela própria autora. Seus textos dão margens a diversos tipos de pesquisadores: literários, psicólogos, antropólogos que estejam, por meio do texto literário, em busca da compreensão do que talvez seja o ser humano. A pesquisa literária pode correr, então, na linha sociológica, psicanalítica ou morfológica, O texto de Clarice se dá às múltiplas compreensões porque se trata de literatura e um retrato de uma singular literatura.

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